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Copa surgiu para curar as feridas da Primeira Guerra Mundial | ||||||
Eleito presidente da FIFA em 1921, Jules Rimet tinha o projeto de usar o futebol para aproximar os povos após o conflito. Em 1930, o sonho se tornou realidade: há 80 anos nascia o evento esportivo mais popular do planeta | ||||||
por Eric Pincas | ||||||
Os jornais da época relatam que uma multidão entusiasmada aclamou as equipes quando chegaram a Montevidéu, em 5 de julho. A seleção da França estava alojada em um complexo luxuoso, o Rowing Club. Em 13 de julho, os franceses abriram a competição contra o México no estádio de Pocitos – ainda não terminado, o imenso estádio do Centenário seria inaugurado cinco dias mais tarde. A França venceu o México por 4 gols a 1, e Lucien Laurent foi o autor do primeiro gol da história da Copa do Mundo. Vitória sem continuidade: os franceses perderam as duas outras partidas classificatórias contra a Argentina e o Chile. Em 30 de julho de 1930, dia da final Uruguai-Argentina, os 80 mil torcedores uruguaios mal respiravam. A Celeste – como chamavam sua equipe – vencia por 3 a 2 pouco antes de soar o apito final, mas não estava a salvo de um contra-ataque argentino. Poucos minutos depois, o Centenario transbordava de felicidade: Castro acabava de fazer o quarto gol, que esmagava definitivamente as esperanças argentinas. Jamais Jules Rimet havia conhecido “uma tal tempestade de entusiasmo, de emoção liberada”. Logo depois do final da partida, foi hasteada a bandeira nacional. O clamor que vinha das arquibancadas era indescritível. O presidente da Fifa entregou a Copa do Mundo a Nazzazi, capitão da equipe uruguaia. Naquele momento, não se sabia qual dos dois homens estava mais feliz. Jules Rimet havia vencido sua aposta: fazer dessa competição um formidável espetáculo popular de alcance universal. Restava-lhe um último desafio: converter o futebol francês ao profissionalismo. Isso seria feito em janeiro de 1932, quando foi adotado o estatuto do jogador profissional. Segundo ele, era o momento de acabar com práticas ambíguas – um bom número de clubes amadores remunerava então os jogadores profissionais: “Diante das práticas clandestinas, devíamos reagir com rapidez e dar nome aos bois. Ao fazer isso, cumpriríamos um dever de honestidade em relação a nós mesmos”. Rimet estava certo de que o amor pela camisa valia todo o ouro do mundo. Outros tempos, outros costumes. |
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