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Curiosidades
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Zico
Zico.JPG
Zico na comissão do CSKA Moscou.
Informações pessoais
Nome completo Arthur Antunes Coimbra
Data de nasc. 3 de março de 1953 (59 anos)
Local de nasc. Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Nacionalidade   brasileira
Progenitores Mãe: Brasil Matilde Ferreira da Costa Silva
Pai: Portugal José Antunes Coimbra
Anos em atividade Como Jogador: 1971-1994 (23 anos)
Como Treinador: 1999-presente (13 anos)
Apelido Zico
Galinho de Quintino
サッカーの神様 ("Deus do Futebol",no Japão)
Kral Arthur ("Rei Artur", na Turquia)
Informações atuais
Clube atual Sem clube
Posição Treinador (ex-Meia)
Clubes de juventude
19671971 Brasil Flamengo
Clubes profissionais
AnosClubesJogos (golos)
19711983
19831985
19851989
19911994
Total
Brasil Flamengo
Itália Udinese
Brasil Flamengo
Japão Kashima Antlers
732 (509)
79 (56)
94 (30)
88 (54)
898(647)
Seleção nacional
19761989
1990
Brasil Brasil
Brasil Brasil Masters
72(52)
Times que treinou
AnosClubesJogos
1999[1]
???[1]
20022006[1]
20062008[1]
20082009[1]
2009[1]
20092010
20112012
Japão Kashima Antlers
Brasil CFZ
Flag of Japan.svg Japão
Turquia Fenerbahçe
Uzbequistão Bunyodkor
Rússia CSKA Moscou
Grécia Olympiakos
Flag of Iraq.svg Iraque
15 (10V, 2E, 3D)
3 (0V, 3E, 0D)
72 (38V, 15E, 19D)
117 (71V, 28E, 7D)
13 (10V, 1E, 2D)
35 (20V, 5E, 10D)
21 (12V,4E,5D)
Última atualização: 28 de novembro de 2012

Arthur Antunes Coimbra, mais conhecido como Zico (Rio de Janeiro, 3 de março de 1953), é um treinador, ex-futebolista e ex-dirigente brasileiro[2] que atuava como meia. Atua como comentarista esportivo na TV Esporte Interativo.[3] Atualmente, está sem clube, após anunciar sua saída da seleção iraquiana.[4]

Notabilizou-se como o carismático líder da vitoriosa trajetória do Flamengo nas décadas de 1970 e 1980, com ápice nas conquistas da Taça Libertadores da América e da Copa Intercontinental pela equipe carioca, além de quatro títulos no Campeonato Brasileiro e de suas participações pela Seleção Brasileira nas Copas Argentina 1978, Espanha 1982 e México 1986. É considerado por muitos especialistas, profissionais do esporte e, em especial, pelos torcedores do Flamengo, o maior jogador da história do clube, e o maior futebolista brasileiro desde Pelé.

Não são poucos também os que o consideram como o melhor jogador de futebol dos anos 1980, sendo chamado frequentemente no exterior de "Pelé Branco". É o maior artilheiro da história do estádio do Maracanã, com 333 gols em 435 partidas. Marcou 135 gols em campeonatos brasileiros. Foi eleito como o terceiro maior futebolista brasileiro do século XX, o sétimo maior da América do Sul e o décimo quarto entre todos do Mundo, segundo a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS). É um dos quatro brasileiros a figurar no Hall da fama da FIFA (os outros são Pelé, Garrincha e Didi). Foi eleito pela própria Federação Internacional de Futebol (FIFA), o oitavo maior jogador do século, o nono maior jogador do século XX pela revista France Football, o nono Brasileiro do Século no esporte, segundo pesquisa realizada pela revista IstoÉ, e o décimo maior jogador de todos os tempos pela revista inglesa World Soccer.Em julho de 2012, foi eleito um dos "100 maiores brasileiros de todos os tempos" em concurso realizado pelo SBT com a BBC de Londres.[5]

Índice

O início de sua carreira

Zico jogava num pequeno time de futebol de salão formado por amigos e familiares, o Juventude de Quintino, do bairro de Quintino Bocaiuva, na zona norte do Rio de Janeiro. Além do Juventude, ele passou a praticar o esporte conhecido hoje como futsal no Ríver Futebol Clube, tradicional clube da Piedade, onde um dos professores era Joaquim Pedro da Luz Filho, Seu Quinzinho. No Ríver, seu futebol ainda menino chamou a atenção. Mas seu primeiro clube de futebol de campo foi o Flamengo, para onde se transferiu aos catorze anos de idade, quando em 1967 o radialista Celso Garcia, amigo da família, assistiu uma partida de Zico em um torneio no Ríver, onde jogava com a camisa do Santos,[6] em que o garoto marcou dez gols em vitória de 14 x 4 de seu time. Garcia o levou para a escolinha de futebol do clube.

Flamengo

Primeiros anos

Zico só estreou no time principal em 1971, em uma partida contra o Vasco da Gama, cujo placar terminou 2 a 1 para o time rubronegro, em que o debutante deu o passe para Fio Maravilha marcar o gol da vitória.[7] Zico só foi se firmar como titular na equipe em 1974, depois de passar por uma intensa preparação física que incluía dedicação de boa parte de seu dia, desde quando chegou ao clube, em 1967 (quando ainda estava na escola), a um trabalho de fortalecimento muscular, devido ao corpo antes franzino.[8] E devido ao seu franzino corpo de início de carreira e de seu bairro de origem (Quintino) ganhou o carinhoso apelido de "Galinho de Quintino". Ainda atuando pelo time juvenil, participou de duas partidas pela equipe principal do Flamengo no Campeonato Carioca de 1972, o bastante para conquistar seu primeiro título como profissional. Ainda demoraria, entretanto, dois anos para firmar-se no elenco e enterrar a imagem de um jogador de físico fraco, que sucumbia à primeira pancada dos adversários.[8]

Após esses dois anos, em 1974 (quando também recebeu a camisa 10), começava a demonstrar futebol empolgante, com dribles, lançamentos e arrancadas fulminantes em direção ao gol e também a habilidade que lhe caracterizaria, a de cobrar milimetricamente as faltas que batia.[8] Neste ano, conquistou seu segundo Carioca pelo Flamengo, o primeiro como titular e camisa 10, liderando uma equipe jovem em decisões contra as equipes mais experientes de Vasco e América[8](onde à época jogava seu irmão Edu). No Campeonato Brasileiro, recebeu sua primeira Bola de Ouro da Revista Placar, eleito pela publicação o melhor jogador do campeonato. Nos três anos seguintes, entretanto, Zico viu rivais comemorarem o título estadual: o Fluminense de Rivellino foi bicampeão em 1975 e 1976 e, mais dolorosamente, o Vasco de Roberto Dinamite levou a taça em 1977 após decisão por pênaltis contra o Flamengo em que Zico, tendo a chance de dar o título a seu clube se convertesse sua cobrança, perdeu. A série de pênaltis prosseguiria e terminaria em vitória vascaína.[9]

A "Era Zico"

A partir de 1978, entretanto, o Flamengo ingressaria em um período áureo sob o comando em campo de Zico. Com um futebol quase perfeito, só possível de ser parado com violência,[8] Zico conquistou um tricampeonato carioca, o terceiro do clube, nas edições daquele ano com as duas realizadas em 1979, mesmo ano em que o time conquistaria o prestigiado torneio amistoso Ramón de Carranza, com destaque para a vitória por 2 x 1, em que ele marcou um dos gols, sobre o Barcelona de Johan Neeskens, Allan Simonsen, Hans Krankl e Carles Rexach.[10] Em 1979 ele também marcou seu 245º gol, em partida contra o Goytacaz, superando, ainda aos 26 anos, Dida como o maior artilheiro da história do Flamengo. No ano seguinte, viria finalmente o inédito título no Campeonato Brasileiro. As finais foram contra o Atlético Mineiro de Reinaldo, Toninho Cerezo e Éder. Contundido, Zico não jogou a primeira partida, em que os alvinegros venceram, no Mineirão, por 1 x 0. Voltou ao time no jogo de volta, no Maracanã, tendo dado passe para o primeiro gol e marcando o segundo do Flamengo na vitória por 3 x 2 que lhe deram pela primeira vez às suas mãos a taça de campeão nacional,[11] compensando a decepção no Carioca, onde Zico vê os rivais Vasco e Fluminense decidirem o título. Ainda em 1980, Zico conquistaria com o Flamengo outros dois torneios amistosos europeus: o Torneio Astúrias e Algarve, com vitórias sobre Real Sociedad e Spartak Sófia; e um bi no Ramón de Carranza, passando por Dínamo Tbilisi e Real Betis.[12]

Com o título nacional, o clube credenciou-se pela primeira vez para disputar a Taça Libertadores da América. Na fase de grupos, o Flamengo teve que novamente superar o Atlético, em partida-desempate marcada pela expulsão de cinco jogadores do adversário, o que deu a vitória aos rubronegros após apenas dez minutos de jogo.[13] O time chegou à decisão, onde enfrentaria os chilenos do Cobreloa. Zico marcou os dois gols na vitória por 2 x 1 na partida de ida, no Maracanã. A de volta, no Chile, foi marcada pela enorme violência dos rivais, especialmente de seu zagueiro Mario Soto, que agrediu com um anel afiado os flamenguistas Andrade e Lico. Os chilenos venceram por 1 x 0 e, pelo regulamento da época, o troféu seria decidido em campo neutro, que foi em Montevidéu, no Estádio Centenário. Zico novamente marcou os dois gols da vitória, dessa vez de 2 x 0, o segundo deles, a dez minutos do fim, em uma de suas mais inesquecíveis cobranças de falta.[14] O título continental foi seguido por mais um Carioca, sobre os rivais do Vasco, em partida dedicada ao técnico Cláudio Coutinho, falecido antes do primeiro jogo da decisão. O Campeonato Carioca já havia reservado a alegria de ter imposto uma goleada de 6 x 0 sobre o Botafogo, devolvendo uma derrota de nove anos antes que ainda ressoava entre as duas torcidas. O ano mágico de 1981 terminava da melhor forma possível: da decisão estadual, o time foi para Tóquio enfrentar os britânicos do Liverpool na Copa Européia/Sul-Americana.

A equipe inglesa era amplamente favorita: nos últimos oito anos, havia conquistado cinco vezes o campeonato inglês, uma Copa da UEFA e três Copa dos Campeões da UEFA, possuindo um elenco de respeitados jogadores das Seleções Inglesa e Escocesa, que não deixaram de fitar com superioridade os brasileiros no vestiário, antes da partida.[15][16][17] O título mundial, que até então só havia vindo ao Brasil por meio do Santos de Pelé, foi conquistado após exibição primorosa do Flamengo, que venceu por 3 x 0. Os três gols, marcados todos ainda no primeiro tempo, saíram de jogadas de Zico: no primeiro e no terceiro, por assistência direta a Nunes e, no segundo, marcado por Adílio, após cobrança de falta do Galinho rebatida pelo goleiro adversário Bruce Grobbelaar. Eleito o melhor em campo mesmo sem ter marcado, recebeu como premiação individual um cobiçado carro esporte da patrocinadora da partida, a Toyota, juntamente com Nunes; ambos demonstrariam a grande união do grupo, vendendo os veículos e divindindo igualmente o dinheiro entre os jogadores.[8] Ainda antes da partida, ao ser indagado sobre o favoritismo dos britânicos, teria dito: "eles são favoritos sim, mas para o segundo lugar, o que é até muito honroso". Durante ela, desesperado, o goleiro Grobbelaar gritava ao zagueiro e capitão Phil Thompson: "Joga o Zico para longe, Thompson, joga o Zico para longe, em nome de Deus!". Após, o técnico adversário, Bob Paisley, declarou: "Vocês jogam um jogo que desconhecemos. Vocês dançam, isso devia ser proibido".[18]

A Era de Ouro no Flamengo prosseguiu no ano seguinte, em que o clube conquistou o único título que faltara em 1981, o Campeonato Brasileiro, em campanha destacada por vitórias fora de casa, mais uma resposta às críticas de que o time (e Zico) só jogavam bem no Maracanã:[19] dois 4 x 3, sobre Náutico e São Paulo; dois 3 x 2 sobre o Internacional e Guarani - nesta partida, Zico marcou os três gols da vitória contra o time de Careca e Jorge Mendonça.[19] Para completar, A taça também foi conquistada fora de casa, contra o Grêmio, em vitória por 1 x 0 com nova assistência de Zico a Nunes. O Galinho já havia sido heroi no primeiro jogo da decisão, marcando um gol de trivela no canto esquerdo de Emerson Leão, empatando uma partida em casa que já estava acabando.[19] O segundo semestre de 1982 já não é tão bom: voltando de dolorosa eliminação na Copa do Mundo, Zico perde os dois torneios que disputa com o Flamengo. Na Taça Libertadores da América, o Flamengo, como campeão, entra na disputa já na segunda fase do torneio, em um grupo de três times que apontará um dos finalistas. O clube vence os dois duelos contra o River Plate e vai à última rodada precisando vencer o Peñarol em casa para forçar um jogo extra - os uruguaios haviam vencido em Montevidéu. No entanto, é o adversário quem vence, em pleno Maracanã - a final, curiosamente, seria novamente contra o Cobreloa. Já o Campeonato Carioca é perdido para o Vasco.

No primeiro semestre de 1983, o Flamengo é eliminado na primeira fase da Libertadores no grupo que dividia com o Grêmio (que fica com a única vaga) e os bolivianos Bolívar e Blooming. Paralelamente, porém, o time igualava-se aos gaúchos do Internacional como maior vencedor do Brasileirão, conquistando seu terceiro título. O sabor foi mais especial por ter eliminado no caminho o Vasco, nas quartas-de-final, com Zico marcando o gol do empate (que garantia a classificação flamenguista) aos 44 minutos do segundo tempo.[20] As finais foram contra o Santos. Os paulistas, que aspiravam a seu primeiro título no torneio, haviam vencido o jogo de ida por 2 x 1. Na volta, jogando machucado,[21] Zico ruiu o sonho santista ao marcar antes do primeiro minuto, em partida terminada em vitória rubronegra por 3 x 0. Zico ergueu a taça consciente de que seria sua até então última partida pelo Flamengo: embora ainda não divulgada a transferência, o Galinho já sabia se sua venda para a equipe italiana da Udinese,[21] em transferência já acertada um mês antes da decisão e mantida em sigilo para eventuais protestos da torcida não atrapalharem a caminhada rumo ao título.[22]

Volta

Após duas temporadas na Itália, Zico voltou no segundo semestre de 1985 ao seu clube do coração. O retorno foi possibilitado por uma operação organizada pela agência de publicidade Estrutural, financiada pela Sul América Seguros e com apoio da Rede Manchete. O projeto incluiu a criação de um filme publicitário em que seis garotos fanáticos pelo Flamengo — Cebola, Gênio, Pulga, Bochecha, Limão e G/18 — iam à Itália buscar de volta o ídolo[23]. O primeiro jogo na volta para o Brasil, no dia 12 de julho de 1985, foi um amistoso contra um combinado de craques internacionais, como Paulo Roberto Falcão, Karl-Heinz Rummenigge, Cerezo e Maradona. O Flamengo venceu os Amigos de Zico por 3 a 1. Zico marcou um gol de falta. Jacozinho, ponta-esquerda do CSA de Alagoas, marcou o gol dos Amigos de Zico. O primeiro jogo oficial, em 14 de julho, foi uma vitória rubro-negra por 3 a 0 sobre o Bahia, com gols de Zico, Tita e Chiquinho[24].

Os festejos, entretanto, deram lugar à agonia pouco depois, após sofrer falta desleal de Márcio Nunes, em partida contra o Bangu. A pancada devastou suas pernas: Zico teve torções nos dois joelhos e no tornozelo esquerdo, contusão na cabeça do perônio esquerdo e profundas escoriações na perna direita.[25] Teve de se submeter a três cirurgias no joelho esquerdo e a longo período de recuperações devido as consequentes problemas musculares. Só optou por elas pois teria de encerrar a carreira se não as fizesse. "Decidi tentar, pois não admitia a ideia de ser obrigado a abandonar os campos. Queria um dia parar com o futebol e não o futebol parar comigo", declarou Zico que, em virtude da recuperação, teve a curvatura da perna esquerda alterada, tendo de alterar também a sua forma de pisar.[25] Havia também a motivação extra pela realização de nova Copa do Mundo, no ano seguinte. Para voltar a jogar, teve de suportar até oito horas diárias na sala de musculação da Gávea, lutando para conseguir novos centímetros para a perna esquerda, que sofrera atrofia.

A resposta aos que já o consideravam ex-jogador veio em fevereiro de 1986, às vésperas da Copa, em um Fla x Flu. Os festejos rubronegros antes da partida eram destinados à estreia de Sócrates como jogador do Flamengo, naquele dia.[26] Após o jogo, as comemorações deram-se em função da atuação de gala de Zico, que marcou três gols - um de falta - na vitória flamenguista por 4 x 1.[27] No Flamengo, a recompensa viria com o título estadual naquele ano e, no seguinte, com o quase tetracampeonato brasileiro, com a conquista do módulo verde da Copa União, já com ele tendo alterado seu estilo de jogo: substituiu seu ímpeto pela cadência, os dribles rumo ao gol por toques de primeira e lançamentos.[8] A taça de 1987 seria a última levantada pelo Galinho no Flamengo, e não seria reconhecida pela CBF até 2011, quando foi oficializada como título brasileiro, ao lado do módulo amarelo, que apontou como representantes do Brasil na Libertadores de 1988 os times do Sport e do Guarani, respectivamente. Porém, logo em seguida, a CBF voltou atrás, reconhecendo somente o Sport-PE como único campeão de 1987 por ordem judicial. Em 1988, o Flamengo perderia o Carioca para o Vasco (assim como no ano anterior) e, no Brasileirão, seria eliminado nas quartas-de-final pelo Grêmio. Zico decidiu parar de jogar no segundo semestre de 1989: o Flamengo perdera o Estadual para o Botafogo. Sua última partida profissional no Flamengo terminou da melhor forma: uma goleada de 5 x 0 sobre o Fluminense, em Juiz de Fora, num jogo em que o Galinho não poupou dribles, lançamentos e um inesquecível gol na sua especialidade. "Era tudo o que eu queria. Terminar com um gol e justo do jeito que eu mais gosto: de falta".[28]

Udinese

Cobiçado por clubes mais tradicionais do país, como Roma e Juventus, sua ida à modesta equipe de Friuli causou escândalo no resto da Itália. A Federação chegou a suspender a compra, orçada em 4 milhões de dólares (em valores da época) - o maior valor pago até então no país por um jogador -, o que revoltou os moradores de Udine, que começaram a disparar mensagens de separatismo. O lema era "ou Zico ou Áustria!", uma referência à época em que a região pertencia ao Império Austríaco.[29] A ameaça foi levada a sério pelo presidente do país, Sandro Pertini, que enfim autorizou a compra de Zico. O Galinho chegou a Udine tratado desde logo como um rei.[29] Mesmo assim, manteve sua postura humilde e profissional, procurando deixar todos à vontade: um dos reservas do time, Pradella, chegara a ter calafrios e desarranjos intestinais na primeira vez em que foi escalado para jogar ao lado do brasileiro.[30] Dedicado a ajudar o clube a conseguir o título na Serie A, Zico fez sua parte, liderando um time fraco a uma honrosa nona colocação na temporada 1983/84, a quatro pontos do time que ficou na quarta (a Internazionale), que daria vaga para a Copa da UEFA.

Zico marcou 19 gols, apenas um atrás na artilharia do campeonato, que ficou com Michel Platini, da campeã Juventus. O detalhe é que o francês jogou seis partidas a mais,[30] muito por conta de uma lesão que Zico sofrera em amistoso contra o Brescia.[29] Jogando muitas vezes machucado, sabendo da dependência que o time tinha em relação a ele, Zico começou a se desencantar com os dirigentes do clube, que haviam prometido formar uma equipe forte o capaz para brigar pelo título, o que não vinha acontencendo - além dele, os únicos jogadores com certo reconhecimento eram seu colega de Seleção (e futuramente também de Flamengo) Edinho e um veterano ex-jogador da Seleção Italiana, Franco Causio, com quem fazia dupla no meio-de-campo. Começou a sonhar com sua volta ao Flamengo.[30] A segunda temporada acabou marcada pela luta para não cair, com ele jogando apenas quinze vezes, ainda assim marcando doze.[30] Outro motivo para o seu desejo em ir embora era o processo que sofria na Justiça Italiana por supostamente enviar ilegalmente dinheiro ao Brasil, que só mais tarde terminaria em sua absolvição.[29] Em entrevista à revista inglesa FourFourTwo, Zico esclareceu o ocorrido:

Cquote1.svg Assinei um contrato de uso de imagem no Brasil e, na Itália, o presidente da Udinese acertou um outro contrato de publicidade. Seria preciso uma autorização da receita federal italiana para que eu pudesse fazer publicidade na Itália. Respeitei isso e cumpri meu outro contrato. Mas aí os agentes da receita entraram com uma ação contra mim e tive que apelar. Mostrei, então, o contrato que tinha assinado no Brasil, que respeitava as leis brasileiras, e provei que pagava impostos corretamente. O engraçado é que acabei pagando mais impostos do que um cidadão de Udine normalmente pagava. Paguei algo próximo de US$500 000 e fui processado por sonegação devido a um erro contratual. Apelei e fui totalmente absolvido. Era totalmente legal e não fiz nada para evitar pagar meus impostos. Só que a imprensa não mencionava isso.[16] Cquote2.svg

Zico não deixou de reproduzir na Itália sua jogada característica, apavorando os goleiros adversários com suas cobranças de falta, gerando até acirrados debates nos programas esportivos nos canais de televisão do país: "Como evitar os gols de Zico?", discutiam.[30] Em sua passagem pela Udinese, Zico marcou 17 gols de falta dentre seus 57 gols.[30] Dos gols "normais", dois são lembrados em especial: o da vitória de 1 x 0, em novembro de 1983, marcado aos 41 minutos do segundo tempo, sobre a então campeã, a Roma, que nunca havia perdido para a Udinese.[31] Outro foi uma bicicleta em sua estreia no mítico Estádio San Siro, em jogo contra o Milan, diminuindo no final da partida o placar para 3 x 2 - ainda arranjaria tempo para dar assistência a Causio para o gol de empate.[29] Foi também muito aplaudido e teve o seu nome gritado e cantado pelas torcidas adversárias, fato que ocorreu contra o Ascoli, Genoa e Catania.[29] Contra o Ascoli, torcedores, repórteres e até o goleiro adversário o aplaudiram após ter feito um lindo gol. Em Gênova, o estádio inteiro cantou o seu nome e em Catania os torcedores do time rival não só gritavam e cantavam o seu nome como também torciam por ele: todas as vezes que ele tocava na bola era ovacionado e quando surgia uma falta próximo a área, clamavam para que Zico a cobrasse.

Ao terminar a partida, o jogador brasileiro Pedrinho, do Catania (e seu colega na Copa de 1982, além de ex-adversário de Vasco), foi indagado por um réporter: "Vocês poderiam ter vencido o jogo?". E ele respondeu: "Como poderíamos se até a nossa torcida estava torcendo pelo Zico?". [29] Em uma pesquisa realizada em novembro de 2006 pelo jornal italiano La Repubblica[32] sobre os maiores jogadores brasileiros na Itália, Zico aparece em primeiro, à frente de Mazzola, Falcão, Careca, Ronaldo e Kaká, dentre outros. Seu carisma e talento continuaram a ficar no coração do torcedor da Udinese mesmo após sua saída: em 1989, quatro anos após ter deixado o clube (que caíra para a Serie B duas temporadas após o ídolo ter ido embora), lotou o Estádio Comunale del Friuli na partida que marcava a sua despedida da Seleção Brasileira.[30] Vinte anos depois, em novembro de 2009, o Galinho recebeu a cidadania honorária de Udine.[33] Quem sintetizou de forma mais aprimorada a grande metamorfose operada por ele na cidade foi um jornalista do "Il Gazzettino de Veneza", profissional encarregado de segui-lo, Luigi Maffei.

Cquote1.svg Para nós, friulanos, Zico tem o mesmo significado de um motor da Ferrari colocado dentro de um fusca. Sentimo-nos os únicos no mundo a possuir um carro tão maravilhoso e absurdo.[29] Cquote2.svg

Seleção Brasileira

Descontado seu jogo de despedida em 1989, em Udine, e partidas por seleções inferiores, Zico atuou por dez anos pelo Brasil, marcando 66 gols em 89 partidas, tendo saído como segundo maior artilheiro da Seleção, atrás apenas de Pelé (depois, foi ultrapassado por Romário). Disputou três Copas do Mundo, não tendo experimentado o sabor do título mundial. Suas únicas taças pela Seleção foram conquistadas no ano de seu debute, 1976: a Copa Rio Branco, a Copa Roca, a Copa Oswaldo Cruz, a Copa do Atlântico e o Torneio Bicentenário dos EUA (em que marcou, nos 4 x 1 contra a Itália, um de seus gols mais bonitos, driblando três adversários e chutando de pé esquerdo na meta de Dino Zoff). Ganhou também a taça Inglaterra-Brasil, disputada num jogo único em Wembley em 1981, quando marcou o gol da vitória de 1 x 0 contra o English Team. Seu debute ocorreu em partida válida pela Rio Branco. Foi contra o Uruguai, em Montevidéu. Marcando gol: com a partida empatada em 1 x 1 e com Rivellino e Nelinho expulsos, Zico fez o gol da vitória em cobrança de falta no final da partida.[34] Apenas em 2009 o Brasil voltaria a vencer a Seleção Uruguaia na casa dela.

Zico foi à Copa do Mundo de 1978 em momento onde ainda se firmava na equipe treinada por Cláudio Coutinho. O que seria seu primeiro gol no torneio terminou mal anulado: no final da estréia na primeira fase de grupos, contra a Suécia, o árbitro (o galês Clive Thomas) encerrou a partida no momento em que a bola estava no ar após cobrança de escanteio, antes que o cabeceio dado por Zico a fizesse entrar nas redes. Por razões físicas e uma suposta interferência do comando da CBD na escalação do time, perdeu a posição de titular no terceiro jogo para Jorge Mendonça, passando a entrar no decorrer das partidas. Marcou contra o Peru, de pênalti, seu primeiro gol em Copas do Mundo. Despediu-se da Copa na partida contra a Polônia, a última da segunda fase de grupos, quando sofreu grave problema muscular ao prender o tornozelo em lance com o adversário Zbigniew Boniek[25][35] - se o Brasil passasse à final, Zico não jogaria. A Seleção teve de contentar-se com a decisão do terceiro lugar, conquistada após ficar empatada em pontos e com menor saldo de gols que a anfitriã Argentina, após a vitória desta por 6 x 0 sobre o Peru, o grande escândalo do torneio. Um drama talvez maior veio na Copa do Mundo de 1982, onde o Brasil vivia enorme favoritismo. Zico marcou quatro vezes no mundial: de falta contra a Escócia, em jogo em que reencontrou três jogadores do Liverpool contra quem jogara seis meses antes: Alan Hansen, Kenny Dalglish e Graeme Souness; dois contra a Nova Zelândia (um deles, de voleio); e outro contra a Argentina.

Na partida contra os rivais, também deu passe para Júnior marcar o terceiro e também envolveu-se no segundo, tendo dado passe para Falcão assistir a Serginho Chulapa. O jogo foi válido já pela segunda fase, onde um grupo formado também pela Itália daria uma vaga para as semifinais. O Brasil foi ao jogo contra os italianos podendo empatar para passar de fase: ambos haviam vencido a Argentina, mas o Brasil fizera um gol a mais. Tudo deu errado na partida decisiva do grupo. O técnico da Azzurra, Enzo Bearzot, já presenciara as habilidades de Zico em 1979, quando treinou a Seleção do Resto do Mundo em amistoso contra a Argentina comemorativo do aniversário de um ano do título do país na Copa de 1978. Zico chegara a Buenos Aires minutos antes da partida, entrando no segundo tempo. Marcou o gol de empate e levou o time da FIFA à vitória de virada[8] Para anular o Galinho, escalou o violento Claudio Gentile, que já parara Maradona, à base de muitas pancadas, na partida contra a Argentina. No único momento em que conseguiu desvencilhar-se da pesada marcação de Gentile, Zico deu o passe para o gol de Sócrates, que empatava a partida em 1 x 1.[29]

Em outro momento, o adversário chegou a puxar tão forte a camisa de Zico que terminou por rasgá-la. O lance foi dentro da grande área, mas o pênalti não foi marcado pelo árbitro Abraham Klein. A Itália venceu por 3 x 2 no que Zico, até então empatado com o alemão-ocidental Karl-Heinz Rummenigge na artilharia do mundial (premiação que ficaria com o carrasco Paolo Rossi, que fizera os três gols da vitória italiana naquela partida e faria outros três depois), considera sua "maior frustração no futebol".[36] A terceira e última Copa de Zico seria a de 1986. O Galinho ainda vivia a desconfiança da crítica em relação a seu estado físico após a lesão provocada por Márcio Nunes, do Bangu, em 1985. Sua resposta pela Seleção viria em abril, em amistoso contra a Iugoslávia. Na vitória brasileira por 4 x 2, marcou outro de seus gols mais bonitos, invadindo a área adversária deixando para trás uma fileira de quatro zagueiros e ainda livrando-se do goleiro antes de concluir para as redes.[28] Ainda assim, em virtude de sua recuperação, foi ao mundial como reserva. Jogou três das cinco partidas do Brasil na Copa, contra Irlanda do Norte, na primeira fase, com o Brasil já classificado; Polônia, nas oitavas-de-final; e França, nas quartas. Não marcou gols, perdendo a melhor chance que teve para fazê-lo, um pênalti contra os franceses. Zico havia acabado de entrar na partida, já empatada em 1 x 1, e feito sensacional lançamento para Branco, que foi derrubado na grande área pelo goleiro Joël Bats.

Como ainda estava frio na partida, Zico foi bater o pênalti relutantemente, o qual ele mesmo reconheceu ter cobrado mal.[37] O empate perdurou na prorrogação e a vaga nas semifinais foi decidida na série de pênaltis. Escalado para bater novamente, Zico acertou sua cobrança na decisão, mas Sócrates e Júlio César perderiam as suas e o Brasil acabaria eliminado. Foi a última partida oficial do Galinho pelo Brasil - curiosamente, o craque perdeu apenas uma vez pela Seleção em Copas, no fatídico jogo contra a Itália em 1982. Na Copa do Mundo de 1990, o técnico Sebastião Lazaroni, chegou a conversar com Zico se o jogador não poderia repensar a sua decisão de não disputar a Copa. O Galinho optou por não jogar mais futebol, tendo outros planos: naquele ano, durante a presidência de Fernando Collor, foi Secretário Nacional de Esportes, cargo público que exerceu até o ano seguinte. Pela Seleção Pré-Olímpica, Zico foi durante o torneio classificatório para as Olimpíadas de 1972 um dos destaques da Seleção, tendo inclusive feito o gol da classificação. Porém, de maneira inexplicada, foi cortado da equipe que foi aos Jogos em Munique. Sua decepção com a ausência lhe fez pensar em parar de jogar, na época.[16]

Voltando a jogar

Em 1991, retornou ao futebol, para disputar o ainda incipiente futebol japonês. No Japão, ele atuou pelo Sumitomo Metals e pelo clube originado deste, o atual Kashima Antlers, de 1991 a 1994, quando deixou definitivamente os campos. Sua passagem no Japão, junto com outros jogadores famosos já aposentados ou em via de se aposentar, é hoje apontadoa como uma das maiores razões da popularização e profissionalização do futebol no país, que finalmente promoveria a primeira edição profissional do campeonato japonês em 1993. Na final, contra o Verdy Kawasaki (atual Tokyo Verdy), recebeu uma das raras expulsões na carreira, ao cuspir na bola por sua irritação com a atuação do árbitro, que estaria favorecendo o adversário (que acabou ficando com o título). [38] Os gols da final, de qualquer forma, saíram de jogadores inspirados por Zico a jogar no recém-profissionalizado futebol nipônico: pelo Kashima, seu ex-colega de Flamengo Alcindo; pelo Verdy, o ex-adversário de Vasco Bismarck e também Kazu, japonês que jogava no Brasil. Zico aposentou-se após o término da segunda edição da J-League, com o Kashima ficando em terceiro na classificação geral. Mesmo não tendo conseguido o titulo do campeonato Japonês, Zico ficou bastante reverenciado no país, que aprendeu a gostar de futebol muito por conta do carisma e atuações do veterano ídolo,[38] que inclusive ganhou uma estátua em sua homenagem por lá. Oswaldo de Oliveira, que treinaria o Kashima, resumiu a importância de Zico para o clube:

Cquote1.svg O Zico participou da formação do Kashima ainda no início, quando o clube era amador. O conceito dele é fabuloso e até hoje a torcida leva uma faixa para ele em todos os jogos. O Antlers ia ser um clube de fábrica, e o Zico o fez virar grande, lhe deu história e tradição[39] Cquote2.svg

Quando já estava no Kashima, Zico voltou a jogar no Maracanã uma vez, como convidado especial do antigo rival Roberto Dinamite, para o amistoso de despedida deste, entre Vasco e o Deportivo La Coruña de Bebeto, ex-colega de ambos. A ocasião ficou famosa por ter sido a única vez que Zico entrou em campo com a camisa cruzmaltina.[40] Ele continuou a jogar futebol um ano após deixar os gramados, mas na areia. De volta ao Brasil, onde fundou o clube que leva o seu nome, o CFZ (Centro de Futebol Zico), participou pela Seleção Brasileira nos dois primeiros campeonatos mundiais do chamado beach soccer (1995 e 1996), sendo campeão em ambos e, no primeiro, também o artilheiro e melhor jogador.

Treinador

Primeiras experiências

Apesar de ter sido várias vezes convidado a assumir cargos no Flamengo[carece de fontes], Zico relutou em aceitar. Especula-se que isso se deva em grande parte aos rumos tomados pelas administrações do clube carioca, que desde a época de Zico vêm gradativamente acumulando dívidas e maus resultados. Já disse que nunca quer ser técnico do Flamengo para não manchar essa imagem maravilhosa que tem com a torcida[carece de fontes]. Sua primeira experiência em uma comissão técnica foi como assistente de Zagallo, para a Copa do Mundo de 1998.

Zico foi chamado após resultados medianos do Brasil nos amistosos preparativos [41] - o país não jogara as Eliminatórias por sua classificação automática como campeão da edição anterior. Ficaria marcado por ter sido o encarregado de transmistir a Romário a informação de que este seria cortado. Apesar da decisão ter sido feita por toda a comissão, o Baixinho culparia Zico pelo corte, e apenas em 2009 lhe pediria desculpas.[41] Posteriormente, Zico assumiu interinamente como treinador do Kashima Antlers, quando o time passava por uma crise. Ele era diretor técnico do time, que demitira Zé Mário em razão de maus resultados. Na emergência, Zico comandou a equipe, e sua figura embriou os jogadores, fazendo o time sair das últimas posições e terminar entre os primeiros da J-League.[39]

Seleção Japonesa

A partir de junho de 2002, passou a exercer o cargo de selecionador da Seleção Japonesa, sucedendo o francês Philippe Troussier, que treinara o país na Copa do Mundo daquele ano. Foi chamado logo como a primeira opção de Masaru Suzuki, presidente da Associação de Futebol do Japão - Suzuki fora o presidente do Kashima na época em que Zico teve bons resultados como técnico interino do clube.[39] Após eliminação na primeira fase na Copa das Confederações de 2003, Zico levou os nipônicos ao título na Copa da Ásia de 2004. Com o título continental, o Japão credenciou-se a disputar no ano seguinte a Copa das Confederações e, embora eliminado na fase de grupos, não fez feio, tendo ficado perto de eliminar a Seleção Brasileira nesta fase.

Zico em 2007.

O Japão de Zico reencontraria o Brasil no ano seguinte, na Copa do Mundo de 2006, com nova eliminação na primeira fase e um futebol aquém do que se esperava. Zico afirmou que fez o melhor que pôde pela seleção japonesa e que não se arrependeu de nenhuma decisão que tomou[carece de fontes]. Apesar de não ter conseguido os mesmos resultados do antecessor, seu trabalho foi reconhecido por ter inspirado melhor postura dos jogadores japoneses, ensinando-lhes a ter mais confiança e capacidade de improvisação.[39] Foi treinando a Seleção Japonesa que Zico desenvolveu o gosto para ser treinador; até então, suas intenções após abandonar os gramados era ser dirigente.[42]

Cquote1.svg Foi uma questão de retribuição pelo que o Kashima e todo o Japão fizeram por mim. Eu não queria de maneira nenhuma seguir como treinador, mas, em um momento difícil, eu assumi. Obtivemos ótimos resultados nesse período e saímos do rebaixamento para o quinto lugar. Entreguei o time ao Toninho Cerezo, continuei como diretor, e, quando o presidente do Kashima Antlers assumiu a federação, me fez um pedido bem especial. Acho que faltavam algumas coisas para o futebol japonês dar uma guinada e eu tinha que estar lá dentro para isso. Aí peguei o gostinho e continuei. Deu certo.[42] Cquote2.svg

Fenerbahçe

Após a Copa, Zico foi contratado para treinar a equipe turca do Fenerbahçe, ajudando a popularizá-lo no Brasil. Comandando um time cujo elenco contava com vários ex-jogadores do futebol brasileiro (Alex, Edu Dracena, Deivid, Fábio Luciano e, posteriormente, Roberto Carlos, além do naturalizado turco Gökçek Vederson, do uruguaio Diego Lugano e do chileno Claudio Maldonado), ganhou em sua primeira temporada o campeonato turco e, na seguinte, levou a equipe às quartas-de-finais da Liga dos Campeões da UEFA de 2007-08, sendo esta a melhor participação de um clube da Turquia no principal torneio europeu de clubes.

Bunyodkor

Em 22 de Setembro de 2008, foi contratado para treinar a equipe Bunyodkor, do Uzbequistão, clube onde já jogava o astro Rivaldo, substituindo Mirjalol Qosimov, que assumira a Seleção Uzbeque.[43] Zico ficou apenas pouco mais de quatro meses como técnico do Bunyodkor, o suficiente para trazer mais mídia para o futebol local, para conquistar a Copa do Uzbequistão de 2008,[44] em cima do rival Paxtakor e deixá-la na liderança do campeonato uzbeque, que o clube posteriormente também venceu. Além disso, o clube também chegou às semifinais da Liga dos Campeões da AFC.

Como técnico da CSKA Moscou, em abril de 2009.

CSKA Moscou

Em 9 de janeiro de 2009, anunciou a troca do Bunyodkor pelo CSKA Moscou, substituindo Valeriy Gazzayev.[45] Estreou na fase decisiva da Copa da UEFA contra o Aston Villa e a equipe se classificou para as oitavas-de-final da competição após um empate em 1 a 1 na primeira partida e uma vitória por 2 a 0 no jogo de volta, em casa.[46] Porém na fase seguinte, o seu clube foi eliminado pelo Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, e futuro campeão do torneio. No comando do CSKA, levou o time a conquistar a Copa da Rússia e a Supercopa da Rússia em 2009. Em 10 de setembro foi demitido do clube.[47]

Olympiakos

Em 16 de setembro, o Olympiakos anunciou sua contratação por dois anos. A decisão foi surpresa até para a família. Zico já assiste a partida contra o AZ Alkmaar, no Estádio Karaiskákis em Atenas, pela Liga dos Campeões da UEFA.[48] Em 19 de janeiro de 2010, o clube anunciou o "fim de sua cooperação com o treinador" em um breve comunicado no sítio oficial.[49]

Seleção iraquiana

Em 25 de agosto de 2011, embarcou para o Iraque para assumir a seleção do país com o principal objetivo de classificar a seleção para a Copa do Mundo de 2014. O contrato assinado tem validade até 2014, mas a ideia é permanecer até 2018.[50]

Em 27 de novembro de 2012, anunciou, através de uma nota em seu site, o desligamento da Seleção Iraquiana por descumprimento de algumas questões contratuais pela Federação Iraquiana de Futebol.[4][51]

Dirigente esportivo

Em 30 de maio de 2010, a convite da presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, assumiu o cargo de diretor executivo de futebol do clube.[52] Em 1 de outubro de 2010, anunciou, em seu site pessoal, o pedido de demissão do cargo, segundo ele, por pressões sofridas dentro do clube.[53]

Comentarista esportivo

Em 16 de fevereiro de 2011, foi anunciado como comentarista esportivo na TV Esporte Interativo.[3] Fez sua estreia em 22 de fevereiro na partida entre Lyon e Real Madrid.[54]

Em 28 de abril, estreou o seu próprio programa, também na TV Esporte Interativo, "Zico da Área" com o jornalista esportivo Mauro Beting e a participação do ex-futebolista Bebeto. O programa será semanal, toda quinta-feira às 20 horas e 30 minutos e terá a duração de 1 hora.[55][56]

Família

Zico descende de portugueses tanto pelo lado materno como pelo lado paterno. O seu avô materno, Arthur[57] Ferreira da Costa Silva era de Oliveira de Azeméis e emigrou para o Rio de Janeiro nos últimos anos do século XIX. Estabeleceu-se com uma fábrica de cerâmica no bairro de Quintino. A mãe de Zico, Matilde Ferreira da Costa Silva (19 de Janeiro de 1919 — 17 de Novembro de 2002), nasceu já no Brasil. O avô paterno, Fernando Antunes Coimbra, nasceu e viveu a maior parte da sua vida em Tondela. É aí que nasce José Antunes Coimbra (10 de Junho de 1901 — 12 de Novembro de 1986), que viria ser o pai do jogador. José Antunes Coimbra, aos 10 anos de idade, juntamente com sua família, emigra para o Brasil. Ainda que tenha saído de Portugal muito jovem, José sempre guardou uma grande ligação ao seu país de origem. Era, aliás, adepto do Sporting Clube de Portugal, porquanto seguiu durante grande parte de sua vida os relatos dos jogos de seu clube através da rádio.

Matilde Ferreira da Costa Silva e José Antunes Coimbra conheceram-se em 1926, José Antunes tinha 25 anos e era motorista na fabrica de cerâmica do pai de Matilde; esta tinha apenas sete anos de idade. Casaram 17 anos depois, em 1943; ela com 24 anos, ele já com 42. Do casamento nasceram seis filhos, cinco homens e uma mulher: a mais velha Zezé, Antunes(falecido em 8 de Janeiro de 1997), Zeca, Nando, Edu e Tunico, e finalmente Zico.[58] Zico nasceu na rua Lucinda Barbosa, número 7 em Quintino, às 7h00 de parto natural. O nome Arthur foi escolhido pela mãe por causa de seu avô (que viria a falecer um ano depois). Zico conheceu Sandra Carvalho de Sá, que vem a ser irmã de Sueli, a esposa de seu irmão Edu, em 1969, em treinamento do Flamengo: ela passava pela Gávea para suspirar por seu ídolo do elenco flamenguista, o galã argentino Doval. Em 23 de Agosto de 1970, Zico e Sandra começam a namorar e casaram-se em 18 de Dezembro de 1975, na igreja de São José, na Lagoa. Zico e Sandra têm três filhos: Arthur Antunes Coimbra Júnior (nascido a 15 de Outubro de 1977), Bruno de Sá Coimbra (nascido a 16 de Outubro de 1978) e Thiago de Sá Coimbra (nascido a 6 de Janeiro de 1983).

Estatísticas

Zico anotou 826 gols em toda sua carreira; 516 gols em partidos oficiais (Primeira divisão, Seleção Brasileira, copas nacionais e internacionais) e 310 em torneios não oficiais, Juvenil e amistosos.

TimeNúmero de GolsPartidasMédia
Flamengo - Escolinha (BRA) 66 88 0,83
Flamengo - Juvenil (BRA) 37 63 0,59
Flamengo - Profissional (BRA) 508 731 0,69
Udinese (ITA) 56 79 0,71
Sumitomo/Kashima Antlers (JAP) 54 88 0,51
Seleção Brasileira Pré-Olímpica 1 8 0,13
Seleção Brasileira Profissional 52 72 0,72
Seleção Brasileira de Masters 10 18 0,55
Seleção Carioca 1 1 1
Jogos de Exibição 49 51 0,96
TOTAL 826 1180 0,7

Títulos

Flamengo
Udinese

Outras conquistas

Flamengo
Flamengo Amador
  • Rio de JaneiroCampeonato Quadrangular infantil: 1969
  • Rio de JaneiroCampeonato carioca infantil: 1969
  • Rio de JaneiroCampeonato carioca juvenil: 1972
Kashima Antlers
  • Japão Copa Muroran: 1992[61]
  • Japão Copa Suntory (1ª fase): 1993[62]
  • Japão Meiers Cup: 1993
  • Japão Pepsi Cup: 1993
Seleção Brasileira
Seleção Brasileira de Masters
Seleção Brasileira de Futebol de Areia

Campanhas de destaque

Como Técnico

Seleção Japonesa
Fenerbahçe
Bunyodkor
CSKA Moscou

Prêmios individuais

 

Gol 500

Zico marcou o seu 500º gol em 15 de março de 1981, no jogo que o Brasil venceu a França por 3 a 1, no Estádio Parc des Princes em Paris na França.[116]

Gol 600

Aconteceu aos 16 minutos de jogo entre Flamengo e Madureira pelo Campeonato Carioca de 1982, a partida foi realizada no estádio Caio Martins, em Niterói, e terminou em 5 x 0 em favor do Flamengo.[117]

Gol 700

Aconteceu no dia 16/02/1986, num Fla - Flu válido pelo campeonato carioca, em que o Flamengo venceu Fluminense, pelo placar de 4 a 1, no qual o galinho anotou 3 gols, sendo o terceiro o seu gol de número 700.[118]

Recordes

  • Maior artilheiro de todos os tempos do Estádio Mário Filho (Maracanã) - 333 gols[119]
  • Maior goleador do Maracanã num único campeonato, 30 gols - 1975[120]
  • Maior artilheiro do clássico Fla-Flu - 19 gols[121]
  • Zico foi quem mais marcou num único jogo no Maracanã, 6 gols, na goleada de 7 a 1 do Flamengo contra o Goytacaz - 1979[122]
  • Zico é o maior artilheiro meio campista do campeonato brasileiro e o quarto maior artilheiro entre todos com 135 gols perdendo, apenas para três atacantes.[123]
  • Segundo maior artilheiro da história do campeonato carioca.
  • Quarto maior artilheiro do Brasil na Libertadores[124]
  • Maior artilheiro meio campista do mundo de todos os tempos, gols oficiais 516, gols no total 826
  • Maior artilheiro da seleção brasileira em eliminatórias de Copas do Mundo com 11 gols[125]
  • Maior vencedor de todos os tempos do prêmio Bola de Ouro / Bola de Prata da revista Placar, com 2 bolas de ouro: Craque do campeonato 1974, 1982, 5 bolas de prata seleção do campeonato, 1974, 1975, 1977, 1982 e 1987 e 2 bolas de prata de artilheiro do campeonato brasileiro, 1980 e 1982.[126]
  • Maior vencedor do prêmio Futebolista Sulamericano do Ano - oficial: com 3 bolas de ouro, 1977, 1981, 1982 e 2 bolas de prata, 1976 e 1980 - El Mundo (VEN)
  • Maior artilheiro da história do Flamengo - 589[127]
  • Recorde de gols pelo Flamengo em uma só temporada, 49 gols - 1974[128]
  • Recorde de gols pelo Flamengo em uma só temporada, 56 gols - 1976[129]
  • Recorde de gols pelo Flamengo em uma só temporada, 81 gols em 70 partidas - 1979[130]
  • Lider e craque da geração responsável em fazer do Flamengo um dos maiores clubes do século XX[131]
  • Recorde de gols em partidas seguidas no Campeonato Japonês, 11 gols em 10 partidas seguidas - 1992[132]
  • Jogador do Flamengo que mais vezes foi artilheiro do Brasil por temporada :
  • Artilheiro da temporada no Brasil, 63 gols - 1976[133]
  • Artilheiro da temporada no Brasil, 48 gols - 1977[134]
  • Artilheiro da temporada no Brasil, 89 gols - 1979[135]
  • Artilheiro da temporada no Brasil, 53 gols - 1980[136]
  • Artilheiro da temporada no Brasil, 59 gols - 1982[137]

Artilharias

Amador

Despedidas

Seleção Brasileira: "O fim de uma era"

A última vez do galinho com a amarelinha aconteceu em 27 de março de 1989 num jogo entre a Seleção Brasileira e uma equipe representando o Resto do mundo. A equipe do Resto do mundo venceu, por 2 a 1, o Brasil. O jogo foi realizado no Estádio Friuli em Udine na Itália com o público de 41.000 pessoas e o evento foi promovido pela comissão italiana da Copa do Mundo de 1990.

Flamengo: "O ensaio"

A despedida do maior ídolo e artilheiro da história do Flamengo e do Maracanã é marcada, em 6 de janeiro de 1990, por um jogo em que o Flamengo e a Seleção de craques nacionais e internacionais "World cup master" empataram em 2 a 2. O jogo foi realizado no seu palco principal, o Maracanã e teve um público de 150 mil pessoas, sendo 90 mil pagantes.

Kashima Antlers: "O adeus definitivo"

Em 10 de outubro de 1994, "God Soccer" como é conhecido por lá, despediu-se em definitivo do futebol japonês e mundial num evento promovido pelo clube Kashima Antlers, num jogo em que enfrentou um combinado de estrangeiros que atuavam no futebol japonês. O jogo terminou empatado em 4 a 4 e o público foi de 38 mil pessoas, capacidade máxima do estádio.

Nas artes

Teatro

Participação na peça "Histórias com Tortilhas", com Pepita Rodrigues - 2008.

Livros

  • Zico A história do maior artilheiro rubro negro (Revista, RGE-1976)
  • Zico, Uma Lição de Vida - 1 (Autor: Marcos Vinícius Bucar Nunes - 1986)
  • Deixa Que Eu Chuto (Autor: Renato Maurício Prado - 1998)
  • Zico Conta Sua História, Ed. FTD (Autor: Zico - 1998)
  • Zico: Paixão e Glória de um Ídolo (Autora: Lúcia Rito - 2000)
  • Zico: 50 Anos de Futebol (Autor: Zico, Roberto Assaf e Roger Garcia - 2003)
  • Flamengo - O Vermelho e o Negro (Autor: Ruy Castro 2004)
  • Zico, Uma Lição de Vida - 2 (Autor: Marcos V. B. Nunes - 2006) sucesso de vendas, EUA e Japão
  • Os Reis do futebol Brasileiro (Autor:Antonio Falcão - 2006)

Filmografia

  • A vida do jogador Zico, uma lenda do nosso futebol (Documentário, década de 1980)
  • Zico um gênio da bola (Documentário, década de 1990)
  • Os mais belos gols de Zico (Documentário, Década de 1990)
  • Uma aventura do Zico (infantil - 1998)
  • Zico - O filme (Documentário sobre a vida e a carreira do craque - 2003)
  • Mitos do futebol (Miti - Documentário Italiano do jornal La Gazeta dello Sport - 2008)
  • Zico o galinho de ouro do Brasil (Documentário, coleção grandes craques - Placar 2009)
  • Zico na Rede (Documentário, com os gols mais importantes de sua carreira - 2009)

Discografia

  • Batuquê de Praia e Cantos do Rio (Compacto, Zico e Fagner - 1982)
  • Reedição devido a grande procura (Compacto, Batuquê de Praia e Cantos do Rio - 1983)
  • O mundo é verde e amarelo (Zico e Seleção Brasileira - 1986)

Homenagens

Música

  • Camisa 10 da Gávea (Jorge Ben Jor - 1976), um pouco depois a cantora Maria Alcina regravou este sucesso.
  • Saudades do Galinho (Moraes Moreira - 1983)
  • Galinho de Briga (Fagner, tema do filme - Uma aventura do Zico - 1998)
  • Bola no Pé (Fagner, tema do filme - Zico , O Filme - 2003)
  • Kamisama " O Senhor Deus " (Banda de Heavy Metal - Eyes of shiva - 2006)
  • 1967 (Marcelo D2 - 2007)
  • Zico é o nosso Rei (Alexandre Pires, tema do filme - Zico na rede - 2009)

Teatro

  • O dia em que Zico virou Rei (Grupo de teatro do nordeste , Década de 1990)